(des) Humanos
4 de Julho, Coliseu, 22h
Não soubesse eu que os Humanos cantavam músicas do António Variações e qualquer semelhança teria sido pura coincidência.
O espectáculo ontem saíu sobretudo do público, que vibrou com cada anjo da guarda, cada flor de plástico, cada ruga, cada Vanessa...
Os Humanos interagem pouco! Gostam de palmas e falam pouco ou nada!
Isto deve ser resultado de um certo “approach” minimalista que remete o artista ao silêncio, criando a ideia de que o cantor afirma-se pela obra em si, e que essa é a sua forma de comunicar! Está certo, mas ontem o público estava a pedir...
Valeu-nos o Camané, que, para além de cantar as canções mais giras, conquistou com a sua timidez! Diga-se que a Manuela também é um animal do palco...e o David, bom, não foi o que me cativou mais..
Já tinha lido por aí que o lado mais cénico do concerto não fazia as honras quer aos Humanos, mas sobretudo ao próprio Variações. Vou ter que concordar!
No fim vínhamos a comentar exactamente que, estranhamente, não vimos nem uma fotografia, nem imagem, nada, que evocasse directamente António Variações!
E logo ele que tem uma imagem tão...como dizer?...usável e colorida!
Até pode ser que haja alguma explicação para isto, eu, não compreendo muito bem, mas enfim...
As canções são espectaculares e continuo a achar que este homem de escolaridade básica era um visionário da sua época! (Maria Albertina é sinal disso exactamente, começava a proliferação de Vanessas).
A sua extravagância contrastava com a simplicidade das letras (só 3 ou 4 frases, não é?) fazendo da sua mensagem, uma mensagem intemporal!
"Variações é uma palavra que sugere elasticidade, liberdade. E é exactamente isso que eu sou e que faço no campo da música. Aquilo que canto é heterogéneo. Não quero enveredar por um estilo. Não sou limitado. Tenho a preocupação de fazer coisas de vários estilos". (António Variações a "O País" - 14.04.84)
"Eu tenho (um anjo da guarda), lanço-me à aventura, talvez porque bem no meu subconsciente tenha ficado esse anjo bonito, protector que me dá um certo optimismo".
Não soubesse eu que os Humanos cantavam músicas do António Variações e qualquer semelhança teria sido pura coincidência.
O espectáculo ontem saíu sobretudo do público, que vibrou com cada anjo da guarda, cada flor de plástico, cada ruga, cada Vanessa...
Os Humanos interagem pouco! Gostam de palmas e falam pouco ou nada!
Isto deve ser resultado de um certo “approach” minimalista que remete o artista ao silêncio, criando a ideia de que o cantor afirma-se pela obra em si, e que essa é a sua forma de comunicar! Está certo, mas ontem o público estava a pedir...
Valeu-nos o Camané, que, para além de cantar as canções mais giras, conquistou com a sua timidez! Diga-se que a Manuela também é um animal do palco...e o David, bom, não foi o que me cativou mais..
Já tinha lido por aí que o lado mais cénico do concerto não fazia as honras quer aos Humanos, mas sobretudo ao próprio Variações. Vou ter que concordar!
No fim vínhamos a comentar exactamente que, estranhamente, não vimos nem uma fotografia, nem imagem, nada, que evocasse directamente António Variações!
E logo ele que tem uma imagem tão...como dizer?...usável e colorida!
Até pode ser que haja alguma explicação para isto, eu, não compreendo muito bem, mas enfim...
As canções são espectaculares e continuo a achar que este homem de escolaridade básica era um visionário da sua época! (Maria Albertina é sinal disso exactamente, começava a proliferação de Vanessas).
A sua extravagância contrastava com a simplicidade das letras (só 3 ou 4 frases, não é?) fazendo da sua mensagem, uma mensagem intemporal!
"Variações é uma palavra que sugere elasticidade, liberdade. E é exactamente isso que eu sou e que faço no campo da música. Aquilo que canto é heterogéneo. Não quero enveredar por um estilo. Não sou limitado. Tenho a preocupação de fazer coisas de vários estilos". (António Variações a "O País" - 14.04.84)
"Eu tenho (um anjo da guarda), lanço-me à aventura, talvez porque bem no meu subconsciente tenha ficado esse anjo bonito, protector que me dá um certo optimismo".
O que eu gostava de ter ouvido...
Canção do Engate
Tu estás livre e eu estou livre
e há uma noite p'ra passar
porque não vamos unidos
porque não vamos ficar, na aventura dos sentidos...
Tu estás só e eu mais só estou
que tu tens o meu olhar
tens a minha mão aberta
à espera de se fechar, nessa tua mão deserta..
Vem que o amor não é o tempo
nem é o tempo que o faz
vem que o amor é o momento
em que eu me dou e que te dás...
Tu que buscas companhia
e eu que que busco quem quiser
ser o fim desta energia
ser um corpo de prazer, ser o fim de mais um dia..
Tu continuas à espera
do melhor que já não vem
que a esperança foi encontrada
antes de ti por alguém, e eu sou melhor que nada...
Vem que o amor não é o tempo
nem é o tempo que o faz
vem que o amor é o momento
em que eu me dou e que te dás..
Letra: António Rodrigues Ribeiro (António Variações)
22 Comments:
ABOMINO os Humanos! Acho mau de mais, Nota 0!
A definição perfeita para o António era "gay". Mas muito menos com a conotação que agora se lhe dá, e muito mais com a tradução literal da palavra francesa que até era usada em relação aos portugueses: Les portugais sont toujours gais.
O António era uma personalidade colorida, e as suas criações um espelho do seu espírito. Pena então que o espectáculo tenha sido tão sisudo, Amie :)
Beijinho meu
Estive lá e o melhor foram mesmo as músicas antigas do Variações com destaque para o "Estou Além"...
A "Maria Albertina" partiu tudo como é óbvio mas acho q até eles estavam embasbacados com o feed-back do público (os cantores pq os músicos conseguiram notar isso mto cedo).
Falhas da noite: de facto haver mto poucas ou nenhumas referências ao grande mentor daquilo, não terem cantado o "Voz Amália de Nós" pois poderia ter dado uma música bem interessante mas acima de tudo, e escandalosamente, faltou a "Canção do Engate"... Porquê ninguém percebe...
Mas foi óptimo!!! Beijinhos da Zona Franca
É sempre triste quando alguém paga um bilhete para ver uma banda ao vivo e depois sai uma grande decepção!
Muitas bandas de "culto", sobretudo britânicas são especialistas em dar autênticos baldes de água fria, a um público tão caloroso como o nosso!
Infelizmente tb já levei uns "baldezitos", por vezes é melhor comprar apenas o cd ou o dvd ao vivo, esses geralmente não decepcionam...
Morte à arrogância em palco!!
Viva o Varaições! A sua música ainda é actual, intemporal e do melhor que já se fez em Portugal!
Gosto sempre da interactividade dos artistas com público, por muito minimalista que seja, se foi como tu dizes é pena, não faz justiça a esse génio da música portuguesa chamado António Variações.
Mas só por terem resgatado um tema com Maria Albertina acho que já valeu a pena se terem formado os Humanos!
Beijos
Querida amie,
adorei, adorei este teu post. A explicação é longa e não interessa nada.
Não imaginas como te estou grata :)
um beijo enorme
ps. tenho um "trabalhão" em mãos que não me deixxa muito tempo livre. é só por isso.
Adorei pelas letras do genial VARIAÇÕES! não pelos que cantam as suas letras.bjo MariaHeli
Eu sobretudo acho que o Camané está sub aproveitado no fado. Só os apreciadores de fado é que têem oportunidade de o apreciar. Ele devia variar mais, como está a fazer nos Humanos. E quanto ao concerto ser uma decepção, já sabes o que acho: 99% das vezes os artistas em palco decepcionam-me, nunca cantam tão bem, fazem figura de ursos, etc.
Fantástico Amie, fizeste-me sentir o Variações de uma forma tão diferente... Soube muito bem!
Beijinhos,
O António Variações era um génio deslocado na sua época. Lembro-me perfeitamente de ele aparecer na cena músical portuguesa. A sua música e a sua maneira de estar, foram a última grande lufada de ar fresco no panorama musical português.
Por acaso a minha opinião não tem mesmo nada a ver com este post. Adoro o album dos HUMANOS e para mim o concerto(2º dia em Lisboa) foi o melhor que vi nos últimos tempos. Ok, também gostava que eles tivessem sido mais comunicativos com o público, mas sentia-se uma energia tão boa que eu saí do concerto feliz e com um sorriso nos lábios. Só não gostei mesmo foi da timidez do Camané, desconfortável nesta pele de "rockeiro".
O Variações foi um génio inegavelmente!!!!
A Manuela é dois animais em palco!!!!
Em relação às letras minimalistas, ninguém me tira da cabeça que as canções interpretadas pelos Humanos são letras inacabadas que o Variações não teve tempo de finalizar.
Tb esperei até à última pela 'Canção do engate'... paciência!
Concordo qdo referes o facto do Variações ser um visionário e de faltar alguma alusão mais directa à sua figura... Mas achei o concerto um tributo fabuloso ao génio do Variações, a prova evidente do quanto ele ainda vive!
Qto aos Humanos serem pco comunicativos... Bem, aqui em Lx eu ñ notei isso... Bastava ver os olhares embevecidos e os sorrisos que a Manuela Azevedo dava ao público ou os acenos do David Fonseca... Talvez a comunicação ñ tenha sido tanto verbal mas havia inegavelmente uma comunhão entre artistas e público, num coro de homenagem a António Variações :)
Gostaria imenso de assistir de novo, saí de lá mesmo bastante satisfeita :)
boas amie
nunca gostei de espectáculos em que artistas cantam outros artistas.
provavelmente é descabido ou preconceituoso, mas o facto é que nem sequer tenho curiosidade.
há uns tempos um amigo deu-me uma gravação de um espectaculo dos U2 que eu adoro, em que cantam musicas de varios compositores. deu-ma como uma reliquia que provavelmente é, acreditas que não cheguei à 3ª musica?
manias...
GOSTO ESPECIALMENTE DESTA MÚSICA (E LETRA) DO ANTÓNIO VARIAÇÕES!
...pois é...estou a ver que és do norte...mas que bem!...ontem realmente os Humanos foram ao Coliseu do Porto...e eu reparei à pouco tempo que a maior parte dos blogs que comento são daí...mas são todos muito bons:)...e aqui está a prova disso...um bom blog que espero voltar a visitar...
Beijos.
JAM, confesso que também ainda não atingi o histerismo com essa série!Tenho gostado mais das desesperadas criminosas e donas de casa!:)
G!já não ouvia (lia) a palavra abominar há séculos!É um direito que te assiste, ABOMINAR os Humanos!:)
birdie, o espectáculo não foi sisudo, para que conste!:)Até foi "gay"!:)
fred, tu sabes!!!beijinhos da máquina de café!(que coisa tão apaneleirada, pá)
zuka, assim baldadas nunca levei, aliás, os últimos concertos têm sido boas surpresas!:)
ana, sim, sobretudo chega muito bem a mensagem!
periférico, essa música partiu tuuuudo!:)
maria, não agradeça menina!temos que ser uns para os outros!:)
frog, sim, é verdade!uns mais que outros!Eu tenho uma recordação vaga da personagem...
mariana, sabes que também acho isso!eu gostei de o ver neste projecto!bom, ainda resta o 1%, haja esperança!:)
lua, ainda bem que te soube bem!não podes ser sempre tu a mimar os outros!:)
armando, engraçado, li o teu comentário à minha mãe e ela disse: tem toda a razão!
micas, benvinda à tasca!Eu também gosto imenso do cd, do projecto e dos cantores, apenas referi alguns aspectos menos positivos!Nem nunca disse que o concerto tinha sido mau!:)
volta sempre, aqui o café é colombiano!:)
miguel, olha, se calhar até pode ser...:)
lost, foi bom sim!só reparei em alguns pormenores..sou um bocado assim picuinhas!:D
voudaquiparaali, não agradeça, é para isto tb que servem os blogs!
riqui, manias, cada um tens as suas!:) essa é engraçada!
castafiore, é das melhores, tb acho!
estrela do mar, benvinda, ainda bem que gostaste, e volta sempre que te apetecer!
Por acaso também concordo com a Mariana e não me parece que tenha havido falta de comunicação com o público,talvez uma discrição de quem não quer para si os louros de trabalho alheio. A energia em palco e a estupefacção pela resposta tão esfuziante do público (pois este era um projecto que se pretendia ficar apenas pelos registos discográficos, sem espectáculos ao vivo)talvez tenham contribuído para a pouca interacção verbal, que na minha opinião não fez falta nenhuma, pois dispenso baboseiras do género: Boa noite coliseu, estão todos bem dispostos hoje? Também estive na 2ª noite de Lisboa e vim de lá perfeitamente conquistada. Também notei a ausência da Canção do Engate, mas penso que a decisão de a omitir foi acertada pois é uma canção já muito explorada e por vezes é mais interessante revelar o menos óbvio do trabalho de um artista. Bom mas isto é só a minha opinião e vale o que vale. Vou continuar a vir cá como dantes ;)(porque caso contrário a lilla mig deslinca-me)
Ora, cá vai! Humanos, q'é isso?!?! Sobre-humanos, pela excelência da música, pela escolha criteriosa das interpretações e pela audaz existência eterna do Variações! Beijos
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