Comportamentos

Já tinha pensado sobre que ia escrever hoje, mas confesso que já me arrependi. Estes últimos dias foram para esquecer. Como já tenho lido por aí, parece-me que não sou a única que anda com vontades de mudança. Deixar a poeira assentar e limpar a casa, que é como quem diz, o coração.
Mas sobre isso acho que escrevo para a semana só, que amanhã avizinha-se um casório, que se espera grandioso, e não posso estar com olheiras!
A morte de alguém provoca certas coisas em nós...

Esta semana morreu um familiar meu, acho que perceberam! Não sendo uma pessoa muito próxima em termos sentimentais, era daquelas pessoas que sempre fez parte das nossas vidas. Acho que há assim umas personagens em todas as famílias, era a figura estranha dos almoços de Páscoa e jantares de Natal. Ele estava lá sempre...
Era um senhor cheio das suas manias! Fazia imensos apontamentos, sobre as pessoas com quem contactava, desde a padeira, à vizinha da frente, anotava se eram ou não de confiar...
Como éramos a única família que ele tinha cá no Porto, a minha mãe e eu encarregámo-nos de tudo o necessário para proporcionar um funeral “digno” (palavra que foi a expressão que o senhor da funerária usou: querem um funeral digno, não é?). Não sei o que será o contrário de funeral digno!
Bom, mas cheguemos ao que importa, ao procurar o bilhete de identidade do meu tio-avô, dentro da carteira, deparei-me com este texto, escrito à máquina e que o descreve na perfeição:

‘ Procurar agradar, falar pouco, lento, sem euforia.

Piação, evitar opinar, pensar antes de falar ou responder,

nunca discordar, não impor, expor, não falar de si,

voz lenta e agradável, na dúvida calar.
Sorrir, assuntos escolhidos, fazer outrem sentir-se importante.

Prosa puxada sente-se garganta, antes ser bom ouvinte.’

ps. até reconheço bastante razão nestes conselhos..eu tenho tentado!