Hipérbole

No princípio era o blog...e as elites aplaudiram!
Palavras e pensamentos soltos que finalmente teriam um ‘espaço’ de contemplação e partilha, longe de pressões editoriais.
'Este sítio é meu e faço dele o que bem entender, quem quer lê, quem não quer, senta-se ao lado!'
Vieram em seguida os templates mais elaborados e foi o delírio! As casas passaram a estar decoradas, e as teorias e pontos de vista em perspectiva cavaleira, emolduradas em estilo rococó. Fotografias.
Com a decoração vem a vaidade (eu pecadora me confesso) e assim permitem-se comentários e que se entre num jogo aparentemente sincero entre autores e leitores.
Vive-se em liberdade e a fama, o sucesso, a qualidade (esta é discutível!), afere-se pelo número de visitas, e leitores, e citações, e bajulações!

E para isso vieram os sites meters, porteiros pouco eficientes que só têm como finalidade, no fim do dia, dar contas ao patrão para que este saiba quem andou por lá, se mexeu na mobília ou fez algum estrago, ou pior, simplesmente para alimentar uma curiosidade incontrolável, sim, porque isto é tudo muito bonito, tudo é virtual, ‘aqui posso ser quem eu quiser ’, mas todos imaginamos as caras, as profissões, as vidas que estão por trás dos nicks, dos comentários, dos blogs...ainda assim, vivia-se em liberdade.
Só que estes sites-meters, assim de repente, parecem-se ligeiramente metediços...
A liberdade a todos cativa e a todos atrai e, a possibilidade de ser Proprietário de um sítio, uma página na Internet, só sua, ainda por cima gratuitamente, onde pudesse depositar tudo aquilo que se tem a dizer ao mundo, trouxe a massificação dos blogs!
Todos têm blog, e todos querem ter blog, até porque há sempre qualquer coisa para dizer ao mundo, bolas, o mundo só tem a ganhar!!!

Resultado, passaram a circular muitas ideias, ideais e ideologias...
Isto dos blogs é giro!!!
Agora acompanhem-me neste exercício. Olhem para o monitor. Está? Agora vejam a barra na parte superior, a barra do senhorio!
Agora desloquem o olhar ligeiramente para a direita e procurem a bandeirinha (flag). Ao contrário do que se possa pensar, a bandeirinha não indica o tesouro.
Tanto quanto percebo disto, o senhorio, basicamente, o que nos pede é para sermos nós a avaliar se os quadros do vizinho são bons ou maus, ou se a relva é realmente mais verde! Não gosto disto.
Se por um lado é verdade que há conteúdos que me podem ofender, na minha condição de humana, por outro lado não me parece ser este o meio mais correcto de resolver as imbecilidades que por aí andam! Ainda se pagassem...
É mesmo caso para dizer, big brother’s watching you, but who watches big brother?

ps. Este texto altamente dramatizado e exagerado veio também no seguimento de ter sabido que o ‘google earth’, um dos mais recentes brinquedos informáticos, é capaz de localizar uma máquina através do seu ip... ___-se!